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26 de maio de 2011

Massacre da motosserra é consumado

Mesmo após a manifestação de ambientalistas para que não fosse aceito o texto com as mudanças do novo código florestal, a Câmara dos Deputados transforma lei de proteção às florestas brasileiras em legislação de incentivo ao desmatamento. 
Mas mesmo diante de todos os esforços dos ambientalistas a Câmara dos Deputados decidiu por 410 votos a favor e apenas 63 contra, os deputados aprovaram mudanças no Código Florestal brasileiro que comprometem a biodiversidade do país e a sustentabilidade da agricultura brasileira. "O Brasil acordou hoje com a notícia do assassinato de um defensor da floresta amazônica", disse Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace, homenageando José Claudio Silva, líder seringueiro morto na véspera da votação na Câmara por madeireiros no Pará. "E foi dormir com a notícia de que a maioria dos nossos deputados aprova o assassinato de nossas florestas".


Greenpeace

Para virar lei, o texto votado na Câmara ainda precisa passar pelo crivo do Senado. Lá, quem sabe, os senadores evitarão repetir os vexames cometidos pelos deputados federais ao longo do processo que terminou com a votaçāo de hoje à noite. Desde o começo dos trabalhos de revisāo do Código, capitaneados pelo autor do projeto de mudança, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), os parlamentares escolheram um lado da questão. E o pior dos lados, o do agronegócio que desmata e abusa dos nossos recursos naturais. Cientistas e proponentes da agricultura moderna, que não mistura produção com desmatamento, mal foram ouvidos  debaixo da cacofonia do interesses rurais atrasados que sequestraram a pauta ambiental do país no Congresso Nacional.

20 de maio de 2011

Um passeio pra lá de perigoso




No dia 16 de maio esta era a informação que estava em grande destaque em alguns jornais do Brasil: ‘’Comboio carregado de urânio tenta entrar em Caetité (BA), é barrado pela população e agora aguarda em posto da polícia militar destino seguro para um material altamente perigoso.’’ Quando lemos pensamos que este problema já esta resolvido, mas o que temos hoje e “Carregamento de toneladas de urânio aguarda há cinco dias um posicionamento oficial para finalmente encontrar um destino seguro, em um claro descaso das autoridades com a segurança da população.’’
E isto esta ocorrendo devido a 13 caminhões apinhados de composto de urânio, material altamente contaminante usado para abastecer usinas nucleares que tentaram entrar em Caetite ( BA), que foram parados em uma unidade de polícia militar de Guanambi, interior da Bahia, a cerca de 800 km de Salvador. A carga tinha como destino o município de Caetité, onde a Indústria Nuclear Brasileira (INB) mantém um programa criminoso de extração de urânio, mas a população de Caitité impediu que o carregamento entrasse.

Mais de três mil pessoas barraram a passagem dos caminhões, que apareceram na entrada do município na noite de domingo para segunda-feira, dia 16 de maio. O cordão humano impediu que a viagem prosseguisse e os veículos terminaram escoltados pela polícia até Guanambi, onde estão parados à espera de uma resolução para o impasse.

O composto de urânio viajou de São Paulo até a Bahia, vindo de uma reserva da marinha em Iperó e serviria, segundo nos informa o portal da INB, para suprir a falta do produto nas minas, que estariam sofrendo de queda de produção. Segundo a INB, o material seria reembalado e, em seguida, enviado à Europa para ser enriquecido.

Os caminhões ainda estão parados pois há dúvidas sérias sobre os níveis de radiação medidos próximos ao comboio e autoridades locais já receberam ameaça de morte. Enquanto isto, silêncio total das autoridades responsáveis. O Greenpeace pede um pronunciamento oficial do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT)

E a população de ambas as cidades rejeita o material, que viajou por cerca de 1500 km de São Paulo sem que sequer uma autorização de transporte oficial tenha sido apresentada.

Representantes de segundo escalão da CNEN, órgão regulador do setor nuclear ligado ao MCT, e da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa responsável pela mineração de urânio na cidade de Caetité, estiveram ontem no local(18/05). Realizaram medição de radiação, mostraram-se tranquilos quanto ao resultado e fizeram até piada com o assunto.

A mesma medição foi realizada por Gilmar Rocha, liderança da Comissão Pastoral da Terra que há um ano monitora os níveis próximos às minas de urânio. Segundo Rocha, os níveis que mediu próximo ao caminhão estão muito acima do que o já visto próximo à mina de Caetité. Graças às denúncias, padre Osvaldino, importante líder local nas questões relacionadas à mineração, recebeu ameaças de morte.

“O urânio é um composto extremamente perigoso, que espalha radioatividade se em contato com o ar, com alimentos, ou com o corpo. Um comboio de caminhões trafegando pelas já inseguras estradas brasileiras e agora sem rumo certo para terminar a viagem demonstra o perigo absurdo que representa o programa nuclear para o Brasil”, diz Pedro Torres, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.


A população de ambas as cidades está nas ruas. Em Guanambi, a concentração aconteceu pela manhã em frente ao batalhão onde aguarda o comboio. Os moradores foram recebidos por reforço policial: grupamento de operação especial, a temida polícia da Caatinga e a polícia rodoviária federal. Em Caetité, o pedido das ruas é o mesmo, a volta dos caminhões carregados de urânio do local de onde vieram. A contar pelo forte policiamento, as próximas horas prometem alta tensão.

O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, nada disse sobre esta bagunça generalizada. O Greenpeace e a população das duas cidades afetadas pelo descaso do programa nuclear brasileiro pedem este pronunciamento oficial, com respostas às dúvidas que pairam e uma resolução final para o impasse.

“É preciso que haja um entendimento claro sobre, afinal de contas, que carregamento de urânio é este, que há não se sabe quanto tempo esteve em uma área da Marinha em São Paulo, por que veio para Caetité agora, onde estão todos os documentos necessários para este transporte perigoso. Em meio a tantas dúvidas, pedimos que a carga retorne ao seu local de origem e passe por uma inspeção mais apurada lá”, diz Pedro Torres, da Campanha de Clima e Energia.

Peça você também ao Ministro Mercadante que faça este pronunciamento oficial e resolva a questão o mais rápido possível:

Pelo telefone do gabinete: (61) 3317 7505



Por Kamylla Monteiro